Vamos falar de Sucessão? Estamos preparados para falar sobre este tema?

Muitas empresas bem estruturadas em diversas áreas reconhecem a importância da sucessão, porém ainda evitam discutir a questão. Será que o que falta é preparação para falar sobre esse tema?

Diversos aspectos estão envolvidos no planejamento da transição de comando, desde os estratégicos, societários e de gestão até os comportamentais e emocionais. Orientar esse processo de maneira que sucessor e sucedido sejam capazes de seguir o caminho, alinhando intuitos e preenchendo lacunas sem perder o ritmo do negócio nem  a competitividade, é um desafio.

A transição de comando é, mesmo nos níveis gerenciais e de diretoria, algo muito delicado e, quando mal alinhado, acaba impactando o resultado de toda uma partição, edificada no decorrer de muitos anos. Este processo demanda cuidado e um bom acompanhamento durante esta fase.

Apesar do tema sucessão estar cada vez mais em pauta nas organizações, a premência na implantação de um processo sucessório não segue a mesma urgência expressa nos discursos. Enxergar a sucessão como um processo, em lugar de um evento isolado, é a principal diferença entre as empresas que administram bem e as que administram mal esse aspecto.

A Stanford University em conjunto com a Institute of Executive Development (IED), realizou uma pesquisa conduzida pelo professor David Larcker que garante que “todos os executivos entrevistados para a pesquisa acreditam que o tema sucessão tem importância vital hoje, bem como no passado. Entretanto, grande parte não acha que suas empresas estão fazendo todo o possível para se prepararem para mudanças eventuais em suas lideranças, independente se é para a posição de CEO ou para o C-Level.”

É fundamental compreender e interpretar a sucessão como algo que afeta diretamente os resultados e a sustentabilidade do negócio. Isso é de extrema importância pois envolve a longevidade da empresa e o compromisso de repassar um legado, uma cultura, de modo que o business chegue com a mesma competência produtiva e solidez  às próximas gerações e futuros gestores.

As vantagens de um processo sucessório bem fundamentado estão na garantia da sobrevivência e na conservação do desenvolvimento da empresa, no aumento das alternativas e da capacidade de resposta ante as mudanças (previstas e imprevistas). Uma companhia preparada para o futuro é capaz de gerar mais informação e, assim, diminuir incertezas, promover e conservar o talent pool da organização e renovar a estratégia da empresa, bem como avaliar com antecedência a aptidão dos candidatos à sucessão.

Alguns fundamentos são necessários para que o processo sucessório aconteça e dê resultados. O primeiro passo é apreender a importância de um sistema de avaliação de desempenho e aptidões, bem como pela oferta de gestores capacitados para ser avaliados de modo profissional. Para agregar uma visão imparcial, livre das emoções da rotina e das influências familiares, ou mesmo das amizades forjadas ao longo do tempo, pode-se contar com assessments externos, somando a eles as avaliações da própria empresa, que possui uma visão interna sobre tais profissionais, quando comparados ao mercado.

O papel do gestor é um dos principais fundamentos nesse processo. Desenvolver pessoal é um trabalho árduo, especialmente em um mundo desafiador e focado em resultados elevados e em curto prazo. A carência de um plano de desenvolvimento que gere oportunidades de aprendizado, ausência de feedback, escassez de monitoramento e compreensão do conceito potencial e de talento, e a falta de consciência do timing da companhia, elevam as possibilidades de um plano sucessório fracassar.

Simultaneamente, a organização deve cobrar e avaliar o desempenho do gestor como líder coach. É necessário estruturar um ambiente no qual os gestores sintam-se seguros para desenvolver sucessores. As companhias devem ter uma gestão que exija de maneira eficiente o desenvolvimento de pessoas, avalie seus gestores e deem feedback sobre o desenvolvimento e gestão de talentos, de maneira séria e com monitoramento de comitês designados e capazes para esse papel.

Concluindo, é inquestionável que a sucessão é um processo constante e de longo prazo, e que, orientado de modo consistente, sem dúvida traz indiscutíveis vantagens para as empresas. Além disso contribui consideravelmente para que elas tenham resultados melhores do que as outras.